Não fique sem água

por Rodrigo Telles

Se você vai sair para uma pedalada de um dia inteiro, o mínimo de água que vai precisar é de três ou quatro litros, o que pode variar dependendo da pessoa e das condições. Caso você tenha certeza de que irá passar por locais onde possa se reabastecer, não é preciso levar tanto peso em água (cada litro de água pesa um 1kg). Porém, se o local a ser visitado for desabitado ou se existir alguma chance de você não encontrar água pelo caminho, calcule bem a quantidade de água que terá que carregar.

É bom lembrar também que durante uma viagem você está sempre sujeito a um imprevisto. Por isso, é bom ter uma margem de segurança. Caso aconteça algo com você ou com a bicicleta que o obrigue a uma parada forçada, a falta de água só iria complicar ainda mais as coisas.

Em algumas viagens mais longas a quantidade de água a ser carregada, torna-se uma parcela significativa do peso todo da bagagem. Na travessia da Serra das Confusões (município de Guaribas, no Piauí), por exemplo, chegamos a carregar mais de 10 litros cada um. O cicloturista brasileiro David Cruz na sua jornada pela África utilizou um tanque plástico com 15 ou 20 litros, adaptado no centro do quadro. Na verdade, a água é um dos principais fatores limitantes na escolha de percursos extremos.

Agora, onde levar tanta água? Existem alguns modos já tradicionais entre os cicloturistas.

As mochilas de hidratação (tipo Camel Back) têm a vantagem de deixar a água sempre acessível, o que é muito bom, porque em termos de hidratação é melhor beber aos poucos do que em grandes quantidades. O inconveniente é o peso nas costas que é desaconselhável para viagens de vários dias. Além disso, é necessário muito cuidado na limpeza da mangueirinha que leva a água até a boca. Por mais limpa que seja a água utilizada, com o tempo podem se formar algumas colônias de fungos por dentro. Esta higienização pode até ser uma tarefa simples em casa, mas fazê-la durante a viagem pode ser um transtorno.

Depois vêm as bolsas flexíveis do tipo Dromedário. São ótimas para armazenar grandes quantidades de água (4 litros) e pelo fato de não serem rígidas ocupam muito pouco espaço na bagagem. A boca larga ajuda bastante na hora de enchê-la de água e de limpá-la. Cheia de ar ainda pode ser usada como travesseiro. A única chateação é que ela não é muito prática na hora de usar. É necessário segurá-la com as duas mãos tanto para enchê-la quanto para despejar água numa caneca, por exemplo.

O mais popular, além das caramanholas, são as garrafas PET de refrigerante, que apesar da simplicidade, são uma ótima solução. Elas substituem perfeitamente os antigos cantis. São bastante duráveis, pesam pouco e ao contrário das opções anteriores, não custam nada. A vantagem na sua utilização é a praticidade. O fato de ficarem em pé é bem importante quando se está acampando porque elas podem ficar no chão sem se sujarem. Também são práticas na hora de servir, pois é possível segurá-las com uma mão só. A desvantagem é que elas ocupam mais volume na bagagem pelo seu formato. Uma tentativa de melhorar este problema é amassá-las retirando o ar de dentro delas quando estão vazias ou parcialmente cheias. Na hora de desamassar basta um sopro forte com pressão para ela voltar ao normal (ou quase).

A decisão de como carregar a água acaba sendo pessoal, porém é bom considerar a idéia de utilizar uma combinação das opções. Assim você acaba aproveitando as vantagens de cada sistema em situações diferentes.