Um encontro inesperado com Luis Arnaldo

por Eliana Garcia

Encontrei Luis Arnaldo de maneira inesperada. Fui a trabalho à cidade de Bonito (MS) e lá estava ele, hospedado na casa de uns amigos cicloturistas que temos em comum. Ele iria ficar alguns dias por lá, conhecendo as "bonitezas" da região, mergulhando e fazendo caminhadas. Nossa conversa durou poucas horas, pois ele teria que acordar cedo no dia seguinte e eu estava trabalhando (com certeza teríamos assunto para continuar o papo por muitas horas ou dias). Havíamos trocado alguns e-mails antes de sua partida e eu acompanhava seu andamento pelos boletins enviados (que deram origem ao material publicado aqui no site http://www.clubedecicloturismo.com.br/viagens-1/156-ecossistemas-brasileiros). Com um mapa do Brasil em mãos, contou do trajeto que tinha feito. Puts, que organização invejável, além do percurso tinha todos os pernoites marcados e quantas noites tinha ficado em cada um deles. Muitas e muitas histórias, de São Paulo ao Maranhão pela praia, depois atravessando Amazônia e Pantanal, outras tantas histórias.

Uma coisa me impressionou: desde o Ceará que ele não ficava alguns dias parado. É puro pedal esse moço. Normalmente conversamos com as pessoas quando elas chegam de volta. Foi diferente desta vez, encontrar alguém que está em plena viagem. Na volta da aventura, analisamos todos fatos ocorridos e damos nossa impressão fechada sobre eles. Mas quando ainda está acontecendo, não. Está tudo em aberto, tudo ainda pode acontecer.

Ele já estava há mais de 10.000km na estrada, o que dá aquela segurança de que o sonho está sendo realizado. Já não há mais aquele friozinho na barriga: será que meus planos darão certo?! Sim, já deu certo. Ele me transmitiu muita tranqüilidade, mas também percebi o outro lado, as dúvidas técnicas filosóficas rondavam o capacete do viajante. Uma pedalada... que caminho vou fazer quando chegar no litoral? Outra pedalada... onde eu paro pra dormir hoje? Outra pedalada... como vai ser quando eu acabar a viagem? Quando chegar, vai ser difícil conseguir dele uma resposta para a inevitável pergunta: -E aí, como foi a viagem? Um ano viajando, mais de 15.000 km "nas pernas". Acho que não há como resumir isso numa resposta. Como se resume uma vida numa frase? Luis Arnaldo, você vai ter que escrever um livro, por favor.