Projeto Pantanal vai à Praia: Recife (PE) a Natal (RN)

Após Boa Viagem (PE), passamos dois dias na Ilha de Itamaracá, alojados na base do Projeto Peixe-Boi Marinho. Lá, tivemos a oportunidade de aprender mais sobre estes mamíferos aquáticos que habitam algumas regiões do litoral do Nordeste, e que estão em risco de extinção. Também ficamos alojados na base da Barra de Mamanguape, um dos lugares mais preservados que conhecemos, com vilas de pescadores, manguezais e um estuário protegido por barreira de corais, onde é feita a reintrodução dos peixes-boi à natureza.

Valeu a força do pessoal do Projeto e dos moradores locais que nos deram LITROS de água de côco!!!! Em Itamaracá, também visitamos o Forte Orange, um marco histórico das invasões holandesas que dominaram Olinda e esta região no séc. XVII. Resolvemos cruzar toda a Ilha para chegar no Pontal, onde atravessamos o canal num barco com vela improvisada - acreditem, ele balança mesmo!!

Legal foi descobrir que, para cruzar a divisa entre o Pernambuco e a Paraíba, a travessia seria igual... Passamos a noite em Jacumã (PB), na expectativa de visitar praias renomadas como Tambaba (a única praia de naturismo do Nordeste) e Coqueirinhos, mas São Pedro achou melhor a gente se comportar e (é claro!) mandou aquela chuva, que durou o dia todo... Só o Daniel teve coragem de pedalar até Coqueirinhos, para comprovar que o lugar deve ser muito gostoso num dia de sol.

No dia seguinte mais chuva, mas deu pra seguir até João Pessoa onde fizemos mais uma palestra. João Pessoa é uma capital tranquila, com um centro histórico lindo, mas pouco aproveitado e divulgado aos visitantes. Conhecemos também a Ponta do Seixas, o ponto mais oriental das Américas. Depois de João Pessoa e Mamanguape, pedalamos pela praia até a Barra de Camaratuba, num trecho repleto de dunas, falésias, mais vilas de pescadores e o mar (ora verde, ora azul, mas sempre lindo). Difícil foi atravessar um trecho de uns 20 metros de pedras escorregadias e pontudas, e em seguida o rio Camaratuba, com as bicicletas nas costas!!! Quando estávamos quase indo embora, o Luís Arnaldo (aquele de Trancoso e Morro de São Paulo) surgiu do nada pedalando, e acabou nos acompanhando por um trecho do percurso.

Na saída, ganhamos um prato de "maxixada" com siri do Seu Manoel, dono de um bar na estrada, que nos desenhou o mapa para chegar até a Baía Formosa, através de labirintos nos canaviais que dominam o cenário desta região. Chegamos já de noite em nossa primeira parada no Rio Grande do Norte. Não dá pra descrever o visual que tínhamos, no alto de uma falésia de frente para o mar e ao lado da maior reserva de Mata Atlântica no Estado - a Mata da Estrela. Próximo destino: Pipa!

No trajeto pela praia, descobrimos um incrível cemitério de pescadores à beira mar, no alto das dunas, em meio a bromélias e cactos! Algumas sepulturas e ossadas já estavam sendo levadas pela areia, por ação da erosão, e embora pareça mórbido, a sensação que tivemos naquele lugar foi realmente mágica... Pipa foi realmente a melhor surpresa da viagem. Pelos comentários que ouvíamos, esperávamos mais uma região degradada pelo turismo desordenado. Porém, o que encontramos foram pessoas muito legais que têm real consciência da necessidade de se fazer turismo de maneira sustentável - tanto que nos convidaram a dar uma palestra para os empresários de turismo locais, trocando idéias e experiências.

Além destas pessoas maravilhosas, a beleza natural ajuda a tornar o lugar tão especial. De Pipa seguimos para Natal, e como regra nas capitais, passamos por uma "maratona" de entrevistas, palestras e exposições. Até fez a gente se sentir importante ( ! ), apesar do pouco tempo que sobra pra conhecer a cidade. Deu para visitar apenas o Forte dos Reis Magos e o Centro Turístico.

Transcorrida mais da metade da viagem, as bicicletas pediram (e ganharam!) revisão gratuita numa loja de bicicletas, que também organizou um passeio ciclístico noturno em nossa homenagem! Neste trecho tivemos poucas dificuldades, como pedalar à noite por cerca de 30 km (devido a informações erradas...), além de praias com areia fofa, o que significa bicicleta pesada demais (até para empurrar...). O vento sul e os dias sem chuva têm nos ajudado bastante, embora às vezes o calor quase frite nossas peles paulistas. Fora isto, é curioso que em cidades como Recife e João Pessoa, boa parte dos motoristas usem a buzina a todo momento, e não respeitam o ciclista como manda a lei.

Em poucos dias estávamos virando a "curva do Brasil", quando então passamos a pedalar para o Oeste, com o sol nascendo sobre nossos traseiros e se pondo bem diante de nossos olhos - bronzeados mais uniformes, finalmente!!! Aqui tivemos a chegada de mais um elemento que pedalou com a gente por uns tempos - o Marquinhos, velho amigo de Biologia e de Pantanal. Finalmente alguém pra carregar as nossas tralhas (hahahaha)...


 

Projeto Pantanal vai à Praia: Vitória(ES) a Itaúnas(ES)
Projeto Pantanal vai à Praia: Itaúnas (ES) a Arraial d'Ajuda (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Arraial d'Ajuda (BA) até Ilheús (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Ilheús (BA) a Praia do Forte (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Praia do Forte (BA) a Maceió (AL)
Projeto Pantanal vai à Praia: Maceió (AL) a Recife (PE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Recife (PE) a Natal (RN)
Projeto Pantanal vai à Praia: Natal (RN) a Canoa Quebrada (CE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Canoa Quebrada (CE) a Fortaleza (CE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Fortaleza(CE) a Ilha do Cajú(MA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Ilha do Cajú(MA) a São Luís (MA)