por Rodrigo Telles -
Apenas uma porcentagem mínima dos acidentes em geral pode ser atribuída a fatalidades. A grande maioria acontece por conseqüência de erros ou falhas, que quase sempre são humanas, sejam elas falhas de atuação ou de planejamento.
Levar esta informação em consideração na hora de planejar uma aventura significa trazer para si a responsabilidade sobre eventuais situações desagradáveis. É bastante comum as pessoas terem a tendência de querer evitar pensar em ‘coisas ruins’. Quem nunca ouviu: - Ah, pára de pensar nestas coisas, não vai acontecer nada!
Para garantir que não vai acontecer, é necessário se pensar com antecedência sobre as situações para saber como evitá-las e como agir caso aconteçam. Primeiro vem a questão do risco. A análise do risco é o ponto de partida para se tomar decisões. É claro que esta análise é muito subjetiva e varia muito de pessoa para pessoa. Por exemplo, pedalar no acostamento de uma rodovia movimentada pode ser natural para alguns ciclistas e para outros pode ser um risco que não vale a pena correr.
Poderíamos dividir os ricos em dois tipos. O primeiro, é aquele em que só podem haver perdas. Por exemplo, deixar algum parafuso frouxo na bicicleta. Não há nenhuma vantagem nisto. O melhor que pode acontecer é não acontecer nada. Este tipo de risco tem que ser evitado ao máximo, é claro, pois nunca resultará num benefício. Não se pode esperar que a sorte cubra todos os nossos erros.
O outro tipo de risco é aquele em que pode haver perdas ou ganhos. Pedalar numa região isolada e sem recursos, com a intenção de ter acesso a algum lugar muito bonito, é um exemplo de uma situação que envolve um risco e pode ter conseqüências negativas, mas também pode trazer resultados positivos.
Aceitar ou não este tipo de risco é uma decisão pessoal que deve ser tomada pesando-se cuidadosamente em todos os prós e contras. O importante quando formos nos envolver voluntariamente numa situação de risco, é que estejamos muito cientes e que assumamos inteiramente este risco. Neste caso, poderíamos chamar de uma avaliação do risco-benefício de uma aventura.
Para esta avaliação, a fase de planejamento é fundamental. Quanto mais informação tivermos disponível para fazer a análise, melhor. Pesquisar, conversar com pessoas mais experientes e só depois decidir-se pelos rumos de uma aventura. É o que costumam chamar por aí de risco calculado.
No próximo artigo falaremos um pouco de como os erros em seqüência podem levar a incidentes ou acidentes.