por Rodrigo Telles -
Normalmente bastante pesquisa e um bom planejamento costumam evitar situações complicadas numa viagem. Porém, sempre que se está em locais de poucos recursos, deve-se estar preparado para enfrentá-las.
Essa é uma das questões em que a experiência e o bom senso fazem a diferença. Ou seja, a capacidade de fazer avaliações nas situações críticas e, antes disso ainda, de detectar a chegada de tal situação. Nem sempre elas são tão obvias, podem se apresentar de maneira sutil. Normalmente elas chegam lentamente, e podem ou não se desenvolver numa situação de emergência. Isso exige um estado de alerta por parte do viajante.
Não se trata apenas de manter a calma. Claro, é importante manter a calma, mas muitas vezes as pessoas não enxergarem a situação real por estarem relaxadas demais. Uma pequena dose de tensão (oriunda da preocupação) é saudável no momento da decisão. É mais ou menos aquela mesma tensão que se sente quando se está fazendo uma prova, um vestibular. É preciso estar com tudo na cabeça, todas as informações, todos os detalhes, pensar em alternativas para o problema e analisar todas as implicações dessas alternativas.
É muito comum quem não está acostumado com situações outdoor, ter a tendência de achar que tudo vai dar certo, que tudo vai acabar bem, e que você é que está exagerando no problema. - Vamos seguir por aqui que a gente chega! (mesmo sem ter certeza do caminho...).
Se o sol já está se despedindo, a reserva de água já está chegando ao fim, e você não tem bem certeza se está no caminho certo, o que fazer? É melhor avançar, mesmo sem saber o que vai acontecer, ou é melhor voltar até o último ponto de apoio que ficou lá trás (e agora, a quantos quilômetros, mesmo?). Ou então, será que o restinho de água nos permite acampar por aqui e esperar que alguém passe no dia seguinte dando a informação?
Este é só um exemplo de situação que requer atenção. É preciso se concentrar, deixar baixar a euforia. Essa é a hora de parar. Parar e arrumar um lugar para sentar, colocando o cérebro para funcionar. Ligue só o cérebro e desligue a emoção. A emoção faz você querer chegar ao objetivo, faz você se sentir seguro. A partir do momento em que você pára, respira e olha ao redor, está colocando o pé no chão. Agora sim, pense, discuta e tome a decisão. Mas lembre-se de que nada garante que você tomou a decisão certa. Então, não entre em desespero, quando achar necessário, faça uma nova avaliação.
No caso de viagem em grupo, é muito importante que cada um faça a sua avaliação, evitando, por impulso, ser influenciado pela opinião dos outros. Além disso, nessa hora não deve haver disputas nem pressões. Temos que deixar o ego de lado e acatar o que for melhor para o grupo.
Enquanto estamos em casa, isso parece bem fácil, mas na hora do vamos ver, a avaliação e a tomada de atitude requerem bastante auto-controle. Por isso, prepare-se psicologicamente antes dos problemas acontecerem.