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Dica de Roteiro em Minas Gerais

 Estes roteiros, se forem realizados em seqüência, podem compor uma viagem. Separadamente, podem ser roteiros de final de semana.

Corredeiras do Santo Antônio

O primeiro destino é Delfinópolis (MG). A cidadezinha, que fica na região de Franca (SP), está na beira do Rio Grande, onde o rio é represado para alimentar as várias hidrelétricas que existem por ali. As opções de passeios a partir de Delfinópolis são inúmeras e quase sempre envolvem belos visuais, lindas cachoeiras, mas também muitas ladeiras.

 Ao fundo a Represa em DelfinópolisA cidade tem estrutura para receber ecoturistas, com várias pousadas e algumas agências especializadas. Para os cicloturistas que gostam de se aventurar por conta própria, não é difícil conseguir mapas (no centro de atendimento ao turista da Prefeitura ou nas pousadas) e informações mais precisas com as próprias agências da cidade. Os atrativos ficam a uma distância que pode agradar tanto aos mais calmos no pedal, quanto aos mais, digamos, esfomeados. Há cachoeiras desde sete até cinqüenta quilômetros de distância.

Cachoeira da Paz

A paisagem é de impressionar e a água dos rios é completamente transparente, estes são incentivos mais do que suficientes para vencer as subidas e o poeirão das estradas de terra. Mas cuidado, os carros aproveitam a boa condição das estradas de terra e correm como se estivessem no asfalto.

Não há uma época certa para visitar Delfinópolis, é só uma questão de escolha. No verão chove mais, porém a água dos rios não está tão gelada. No inverno, além de chover menos, há a vantagem do fluxo de turistas ser menor. Claro, sempre é melhor evitar os feriados.


pedalando sobre as cristas

Uma vez em Delfinópolis, após explorar as redondezas, partimos em direção à Serra da Canastra. Nossa opção, dentre as inúmeras estradinhas existentes, foi a de passar por um local de difícil acesso, mas de extrema beleza. Nosso raciocínio tem sido sempre este durante as viagens, se a estrada está ruim para os carros, então é o melhor caminho para as bicicletas.

Cidade de Pedra

 

Passamos assim, pelo trecho mais interessante de toda a viagem: a Serra da Babilônia. O lugar é bem desabitado, passamos três dias quase sem ver ninguém. A paisagem é fantástica. A Serra da Babilônia é a segunda de uma seqüência de três serras. Pedalávamos pela crista da montanha, tendo a visão de um vale e outra serra mais adiante, de ambos os lados. Pra completar, no fundo dos vales corriam rios com cachoeiras.

estrada difícil

 

Em todas as fazendas que passamos fomos muitíssimo bem recebidos, e sempre éramos mineiramente convidados pra um cafezinho:
- Mas ceis tão animados dimais, çô. Passa pa dentro, vamo tomá um cafezin.
Invariavelmente o cafezinho era acompanhado do delicioso queijo canastra, típico daquela região, e também por uma boa prosa.

Claro, tudo tem seu preço e o nível de dificuldade é bem alto. Só pra citar alguns desafios: as subidas são longas e impiedosas. A estrada está praticamente destruída pela erosão, tem muito areião e muita pedra solta. Há poucos pontos de água no caminho. Não passa ninguém para dar informação e as bifurcações são muitas. E mais, em cima da serra a vegetação é de campos, o que deixa os cicloturista expostos ao sol, ao vento e à chuva.

A terceira e última etapa da nossa viagem foi completada na Serra da Canastra, um lugar simplesmente perfeito para bicicletas.

A forma da canastra

 

Chegamos pela parte baixa do Parque Nacional. Já de longe, se descobre o porquê do nome Canastra. O desenho da serra é mesmo como um imenso baú. De lá de cima despenca o rio São Francisco numa cachoeira que pode ser avistada a quilômetros de distância: a Casca Danta. A água percorre 180 metros de queda livre e cai numa grande piscina natural. Um banho de água gelada revigora até a alma.

Cachoeira Casca Danta

 

Nesta parte baixa da cachoeira ficamos uns dias parados para fazer a manutenção do equipamento e das bicicletas (que estavam cobertos de lama da etapa anterior). Aproveitamos também para fazer a pé, a trilha que leva para a parte alta da Casca Danta.

Primeiras quedas do Rio São Francisco

Retomando nossa pedalada, contornamos a canastra chegando a São Roque de Minas. Vale a pena fazer uma visita ao escritório do Ibama no centro da cidade. Fomos muito bem atendidos e recebemos orientações e informações importantes. A subida até a portaria do parque tem 7km e é muito íngreme. Aceitamos prontamente uma carona na caminhonete do Ibama quando estávamos na metade do caminho.

Gavião

 

Em cima da serra o relevo fica mais ameno e o visual se estende pelos campos de altitude. Como não é permitido acampar dentro do parque, desviamos um pouco nosso trajeto até a portaria de São João Batista (um pequeno vilarejo) e passamos a noite lá.

Serra das Sete Voltas

O dia seguinte rendeu a mais longa pedalada da viagem. O relevo incrivelmente plano e a estrada boa permitiam manter uma média bem mais alta. Já fora do parque, atravessamos uma interminável plantação de pinus (que nos fez tremer só de imaginar o que seria da Serra da Canastra se não fosse uma área protegida).

A descida, agora, foi pela Serra das Sete Voltas, que tem esse nome devido ao zigue-zague formado pela estrada de terra. Consumimos nossas últimas fotos com a vista do vale e das outras serras, além do pôr-do-sol mais bonito da viagem. Lá em baixo, há a opção de seguir para Delfinópolis, completando enfim a volta ao redor da Serra da Canastra. Porém nossa opção foi seguir para Usina de Peixoto, atravessando o Rio Grande e seguindo para Franca onde havíamos iniciado a viagem, duas semanas antes.