Vale Europeu completa 10 anos de Circuito de Cicloturismo

Temos orgulho de termos participado de tudo desde o comecinho, lá atrás em fevereiro de 2006, quando fomos convidados a conhecer a região. Sonho compartilhado por muitos, semente plantada em terreno fértil e cuidada por mãos carinhosas e incansáveis, o Circuito Valeu Europeu é hoje o destino mais procurado para viagens de bicicleta no país.
Somos gratos a todos que fizeram esta história acontecer e nos sentimos felizes por continuar a fazer parte dela: Eldon Jung, Sergio Nones, Cintia Kopsch, Tatiana Honczaryk, Dimas Felippi (Restaurante Thapioka), Família Fink, Egon e Margarete Koprowski (Campo do Zinco), Izabel e Karim (Bella Pousada), Darcizio Bona, Mali Piazza, Celso Pacheco, Ademir Winkelhaus, Prefeitura de Timbó, Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí e Associação Vale das Águas.

A Equipe Clube de Cicloturismo do Brasil agradece também a todos os cicloturistas que percorreram e deram vida ao circuito nestes 10 anos.

Matéria Globo Repórter 19.02.2016

Como funciona o Circuito Vale Europeu de Cicloturismo
O Circuito Vale Europeu é um dos roteiros preferidos dos ciclistas brasileiros para fazer uma viagem de bicicleta. Talvez um dos motivos de ser tão conhecido é porque o local foi o primeiro roteiro nacional especialmente projetado para ser feito de bicicleta, mas esta é apenas uma das razões entre muitas.

Quando lançamos o Clube de Cicloturismo, isso há 15 anos atrás, um dos grandes desafios para se realizar uma viagem era a fase de planejamento. Pouco se sabia sobre as estradas, estrutura e atrativos dos lugares. Sempre tivemos a ideia de que era importante existir no Brasil roteiros preparados para ciclistas, assim como é lá fora. Um dos exemplos é o Caminho de Santiago de Compostela ou Via Cláudia Augusta, só para citar alguns famosos na Europa.

Sentimos essa oportunidade aparecendo em 2006, quando estávamos organizando um Encontro Nacional de Cicloturismo em Timbó, Santa Catarina. A região é conhecida como Vale Europeu, devido a sua história de colonização. Percebemos que, além de todo potencial do local, os municípios tinham uma visão muito amadurecida do turismo.

Ao invés de as cidades estarem concorrendo diretamente contra sua vizinhança, como estamos acostumados a ver, elas queriam um desenvolvimento regional e atuavam juntas nesse sentido. Tanto é que logo que apresentamos a proposta de Circuito de Cicloturismo, imediatamente houve uma adesão unânime dos municípios.

Fizemos então, junto com todos os que abraçaram a ideia, a prospecção para identificar as melhores estradas para pedalar e os atrativos mais importantes. Nesta fase tivemos ajuda essencial de pessoas que se envolveram de corpo e alma com o cicloturismo, ciclistas, amantes da natureza, donos de hotéis e pousadas, restaurantes, funcionários da prefeitura, entre outros. Uma vez traçada a rota, a fase seguinte foi de criarmos um guia com planilhas e todas as informações. Em seguida foram sinalizadas as rotas e feito um trabalho de divulgação com a população local para entenderem como funcionaria o circuito e como poderiam fazer parte dele. O lançamento do Circuito foi durante o 5º Encontro Nacional de Cicloturismo e Aventura, em novembro de 2006. A partir desta época só tem aumentado o número de ciclistas que percorre o circuito todos os anos, atualmente estima-se quatro mil por ano.

A sinalização, que é feita por placas, totens ou setas amarelas juntamente com as planilhas de orientação, dá muita tranquilidade para o ciclista aproveitar ao máximo tudo que o caminho tem para oferecer. São sete dias de pedaladas, sendo que a cada noite dormimos em um local diferente. As estradas são quase todas de terra e com pouco movimento. Em algumas partes são até bem isoladas. É possível percorrer várias horas sem ver um carro. O roteiro tem muitas opções de cachoeiras e rios para se refrescar. Não é a toa que a associação turística que cuida do circuito se chama Vale das Águas. Esta região possui uma das maiores concentrações de nascentes do país. Quando você menos espera aparece uma oportunidade de mergulho ou simplesmente de refrescar a cabeça nos gelados riachos do caminho.

Como as distâncias diárias não são tão grandes (cerca de 50 quilômetros por dia) é possível gerenciar o tempo para fazer paradas mais longas, por exemplo, para um lanche em um ponto com um belo visual. O caminho segue por regiões altas e baixas, por isso sempre há pontos onde podemos ver longos vales e algumas vezes até avistar o caminho que percorremos nas últimas horas. A dificuldade de cada etapa é dada pelo guia oficial, em uma escala de um a cinco. A maioria das etapas fica entre três e cinco, isso já dá uma ideia que este roteiro não é para iniciantes. Em todos os dias há fortes ascensões, mas é claro que sempre é possível empurrar a bike nas subidas. No dia mais difícil, a subida da parte baixa para alta, há uma ascensão de oito quilômetros ininterrupta.

Dicas para percorrer o Vale Europeu de bicicleta:
Estude o roteiro antes de sair. No site (www.circuitovaleeuropeu.com.br) você pode ver o perfil altimétrico de cada dia e todas as outras informações.

O circuito pode ser percorrido em qualquer época do ano, pois o regime de chuvas é bem distribuído. Porém, no inverno esteja preparado para um frio razoável na parte alta. Já no verão, é comum um forte calor na parte baixa.

No início do circuito retire seu guia e a credencial oficial. Você deve carimbar nos hotéis, restaurantes e pontos turísticos para receber um certificado de conclusão no final. Esse documento não tem prazo de validade o que permite que você faça trechos em fins de semana ou feriados, por exemplo.

A parte alta tem muito pouca estrutura, leve alimentos e água e esteja preparado pois lá não aceitam cartões de crédito e quase não há pontos de sinal de celular. Faça as reservas com antecedência, pois algumas pousadas não abrem se não houver hóspedes.

Não caia na tentação de juntar as etapas para fazer o circuito em três ou quatro dias. Isso é até possível se você tiver um condicionamento físico atlético, porém, a maioria das pessoas se arrepende já que acabam não aproveitando quase nada do que há no caminho.

Evento Velotour Vale Europeu
O circuito Vale Europeu pode ser percorrido em qualquer época do ano, seja de maneira autônoma, com seus alforjes, ou com apoio de agências. Porém, uma vez por ano o Clube de Cicloturismo organiza uma viagem chamada de Velotour (nome inspirado em “ Velocipedia”, como eram denominadas as bicicletas quando chegaram ao Brasil).

A viagem do Velotour se enquadra na categoria de autônoma, pois cada participante precisa levar seus pertences e tudo o que for necessário. Porém, existe a vantagem de contar com um grupo grande de ciclistas experientes ou não, percorrendo o circuito ao mesmo tempo.

Realizado desde 2008, atrai participantes de vários estados do país. Como cada um pedala no seu ritmo, naturalmente formam-se grupos menores compostos por pessoas com velocidades ou interesses parecidos. Porém, todos se encontram a noite no ponto de descanso ou nas paradas durante o pedal.

Também há os pontos de controle (PCs), onde um dos membros da equipe do Clube de Cicloturismo controla a passagem e carimba a credencial do evento. Cada PC tem um carimbo diferente que comprova a passagem e ao final, caso o participante tenha todos, ele terá uma marca de conclusão do evento.
Em 2016 o Velotour ocorrerá no mês de novembro.
Histórico do Velotour Vale Europeu

Confira algumas fotos do Vale Europeu: