Sousa (PB) - Vale dos Dinossauros

Sousa (PB) - Vale dos Dinossauros

Falando assim, “Vale dos Dinossauros”, já vem na cabeça aquela imagem dos desenhos do Wall Disney com um monte de dinossauros de diversos tamanhos e tipos andando no vale verde, perto do rio. Só faltou falar que o vale era encantado. Parece ser uma grande bobagem imaginar aquele monte de dinossauros dividindo o mesmo local.  

Mas depois de conhecer Sousa, eu repensei essa idéia. A laje dos dinossauros realmente impressiona. Numa área um pouco maior do que uma quadra de salão, existem trilhas de pelo menos nove espécies diferentes. Desde o Velociraptor (que parece um enorme frango louco correndo) até o famoso Tironossauro Rex. Tudo numa pequena laje de lama petrificada há 100 milhões de anos! O que são 100 milhões de anos?

O meu tio acha que isso é tudo mentira.  Prontos para pedalar de Sousa (PB) para Apodi (RN), nos convenceram a ir de ônibus por causa de problemas de assalto neste trecho.   

Apodi (RN) - Andando pelas Fendas da Laje

  Imagine uma laje de pedra medindo 300m para cada lado e mais alguns metros de espessura abaixo dos seus pés. Ela é toda preta e a textura lembra um mar bravio com ondas pequenas mas cortantes. Tudo é afiado como lâmina. Os cactos e as urtigas completam o cenário. É o Lajedo da Soledade.   Porém, essa hostilidade toda é apenas na superfície.

Andando um pouquinho, logo chegamos a uma fenda da laje. Descendo lá, descobrimos que a fenda era, na verdade, um corredor que permitia andar por dentro da laje. Logo encontramos outros corredores. Eram muitos. Formavam algo como uma rede de fendas.

Lá sim, a uns dois ou três metros abaixo do nível do solo, encontramos um lugar aconchegante. As formas são estranhas, mas atraentes ao mesmo tempo, e produzem sombras deliciosas. Eram como tocas, perfeitas para um cochilo. Sem falar, é claro, nas poças de água cristalina.

 

Dá vontade de passar a noite lá, ou quem sabe mais uns dias.

Bom, pelo menos parece que os nossos primos pré-históricos também gostavam de lá, porque tiveram o trabalho de decorar tudo. Em cada toca havia pinturas diferentes. Havia também algumas grutas pequenas por onde era preciso ir se arrastando para ver os desenhos.

Deve ter sido bom morar lá naquela época.  Uma pequena sociedade ocupando essas casa e ruas naturais, literalmente “incravadas” no meio do sertão.

De Apodi (RN) para São Rafael (RN) passamos por um trecho de cidadezinhas pequenas mas com estradas asfaltadas e boas. A caatiga, de certa forma preservada, tinha muitos animais e aves. Havia porém muitos caçadores também. Por ali, todo mundo é caçador. Um sujeito que nos acompanhou de bicicleta por uns 30km é que nos disse isso. Ele era caçador. Um amigo dele nos passou de bicicleta e com uma cartucheira pendurada nas costas. Logo em seguida nós presenciamos uma cena triste. Avistamos uma revoada de Cafezinhos (aves grandes e bonitas). Um homem apontava uma arma para o bando. Torcemos com todas as forças para ele errar o tiro, mas... bum!!! E uma ave caiu...   Perguntamos se era para matar a fome: “Não, só para variar, mesmo”. E o pior, é que apesar de tudo, não conseguimos sentir raiva dele, pois, com certeza, eles nunca ouviram uma palavra sobre ecologia.   Depois outra cena que nos deixou mais tristes ainda: um menino de uns 10 ou 12 anos carregando nas costas, uma espingarda de verdade! Eu só tinha visto isso antes em cenas de guerra.    

São Rafael (RN) - No Topo da Pedra Branca

Fomos conhecer a Lajea Formosa (bonito nome, não?) interessados nas suas pinturas rupestres. Mas chegando lá, ficamos loucos mesmo para subir num grande morro de pedra branca  que mais se parecia com um meteoro caído no meio da planície interminável de areia.  

Precisamos de algumas horas para achar a trilha no meio dos cactos, mas o visual nos recompensou. Como é tudo plano, não há limites para a paisagem, a não ser o horizonte. Cada movimento da vista percorre quilômetros e quilômetros de caatinga.

Outros morros brancos um pouco menores ao lado e uma represa ao longe davam um sabor ainda maior para todo este infinito. E nem adianta fotografar, porque a dimensão disso, só quem está ali, se sentindo menor do que um anãozinho, é que pode perceber.  Dali para Acari (RN), passamos por Florânia, uma cidadezinha simpática e BEN DIFERENTE.Depois pegamos uma estradinha de terra muito pitoresca. Aqui eles chamam o jegue de tudo quanto é animal:   -          Anda PORCO! -          Vai VIADO!   -          Ah, seu CACHORO!

Em acari mudamos os planos. Ao contrário do que pensávamos, iríamos precisar de pelo menos uns 5 dias para conhecer bem as pinturas rupestres de lá. Passamos então, toda a tarde na casa da bióloga Cecília, que possui uma reserva de mata e um museu da biologia da região.  

MINHA MULHER E MEU CAVALO MORRERAM TUDO NUM DIA. DO CAVALO TIVE PENA, DA MULHER TIVE ALEGRIA.

  Frase do Seu Antônio, rezador “bebo” que fazia reza para tirar moleza.   Dali para a Paraíba, engavetamos as bicicletas no ônibus e fomos.

 
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