| Por: Rodrigo Telles - Clube de Cicloturismo do Brasil |
Este é um conceito já comum em algumas regiões da Europa e que provavelmente fará sucesso no Brasil. Tivemos a oportunidade de conhecer e realizar eventos em alguns destes estabelecimentos na Itália, que provavelmente é o país com maior tradição nesse assunto. Nos impressionou muito o poder que iniciativas como esta tem de aumentar o fluxo de ciclistas e promover os comércios locais.
Na região de Rimini, costa leste da Itália, existe todo um mercado de ciclismo baseado na recepção de esportistas e amadores que vêm de outras regiões e mesmo de outros países para pedalar lá.
Mas não é a toa que esses hotéis atraem o ciclista. Eles têm uma série de diferenciais que atendem às necessidades de quem pedala. Em primeiro lugar, o ciclista sabe que será bem recebido, o que já é uma grande coisa. Sabe também que terá um local seguro para guardar sua bicicleta, todos eles possuem um bicicletário trancado. Normalmente também contam com uma pequena oficina para reparos de última hora e principalmente para montagem e desmontagem das bicicletas. Ali em geral também há um local onde ele pode lavar sua bicicleta se precisar e um tanque para lavar suas roupas de pedalada. Alguns hotéis possuem inclusive um serviço gratuito de lavagem de roupas técnicas. Ficamos maravilhados com isso. Ao chegar do passeio você coloca sua roupa num saquinho de tela e deposita num cesto no corredor. Ao final da tarde seu saquinho já está de volta com as roupas limpas.
Para se ter uma ideia de tudo o que eles oferecem indicamos dar uma passada nas páginas desses hotéis de referência:
www.hoteldory.it
www.alexanderbikehotel.com
www.hotelmiramarecattolica.it
www.sanssouci-hotelgabicce.it
e ver um pouco dos eventos que fizemos usando a estrutura deles:
Encontro Internacional de Cicloturismo Brasil Itália 2013
Encontro Internacional de Cicloturismo Brasil Itália 2014
Outras coisas que também ajudam muito são a possibilidade do ciclista receber um lanche de trilha ao sair e o horário estendido do almoço ao voltar. É claro que chegávamos atrasados para comer e lá estava nosso almoço nos esperando. Para pedalar, se você está em grupo, basta combinar com o guia local que também é credenciado do hotel. Se prefere pedalar sozinho é só pegar mapas ou planilhas e fazer seu passeio.
Além disso, a maioria dos bike hotéis que conhecemos tinham uma vitrine com produtos de interesse dos ciclistas. Geralmente em parceria com alguma loja da cidade, fornecem camisas, luvas, capacete, câmaras de ar, caramanholas, bombas, etc.
Aliás, esta parceria entre lojistas e hotéis é fundamental, principalmente no Brasil onde ainda não há esta tradição. É necessário gente do ramo para implementar tudo isto. É uma parceria onde todos ganham. O hotel que obviamente tem mais hóspedes, o lojista que aumenta sua clientela e visibilidade com quem vem de fora e o ciclista que está sempre procurando locais para pedalar.
É claro que para que isso dê certo é necessário que a região tenha boa vocação para o ciclismo. No Brasil já temos alguns exemplos de sucesso principalmente na região sul. Em Timbó (SC), no Vale Europeu por exemplo, há um hotel que já oferece a maioria dessas facilidades para os cicloturistas que percorrem o circuito. Outros locais pelo país afora têm potencial e já estão de olho. Em breve esperamos ver essa ideia cada vez mais disseminada.
Publicado originalmente em parceria do Clube com a Aliança Bike em 14/08/2017:
http://aliancabike.org.br/noticia.php?intro=1&id_news=155