DE JACAREÍ A FLORIANÓPOLIS
Em janeiro deste ano parti na presença do meu irmão caçula, o Kid, e de nosso amigo Dóda, para uma cicloviagem com destino à Florianópolis. Fomos em direção ao litoral, passando pela pequena cidade de Salesópolis. Chegamos ao início da Estrada da Petrobrás, onde existe também um parque em que está a nascente do rio Tietê. Acreditem, aqui sua água é potável!
Continuamos pela estrada, passando pela estação da Petrobrás, por lugares em que avistávamos as cachoeiras formadas pelas quedas dos rios, por locais com grandes extensões de floresta, e um incontável sobe e desce, por uma estrada com piso cascalhado e cheio de buracos.
Antes de prosseguirmos para São Sebastião, paramos em um posto de gasolina e demos uma calibrada em nossos pneus, afinal daqui até o Sul não enfrentaríamos mais grandes extensões em estradas de terra.
Após ter nosso pedido de permissão para pousar no Corpo de Bombeiros de Maresias negado, surpreendentemente um Policial Militar nos disse para irmos até o alojamento da PM, onde fomos bem recebidos por todos. Nós acampamos lá e tomamos o primeiro banho da viagem. Já estávamos precisando, haha!!
Pegamos a balsa pra Santos, e logo estávamos pedalando pelas avenidas da maior cidade do litoral paulista. Sem que percebêssemos rapidamente já estávamos em São Vicente, que pra nossa surpresa fica grudada com Santos.
Chegamos à temida "rodovia da morte", a Régis Bittencourt. Este seria o nosso caminho até o Paraná. Apesar da fama, pedalar pela Régis neste dia não foi tão ruim assim. Neste trajeto ela já está toda duplicada.
Alguns quilômetros após Cajati teve início a subida da Serra do Azeite, e bota azeite nisso!! Apesar de não ser tão íngreme quanto a de Boiçucanga (na Rio-Santos), foi muito mais longa e ainda com uma "lua" daquelas na cabeça. No total foram 22 km serra acima, o que rendeu algumas-várias paradas para tomar um caldo de cana gelado.
Agora pedalávamos por trechos em obras para duplicação. Foi um dos trechos mais perigosos da viagem. Já no final do dia chegamos à divisa dos estados, o que rendeu uma festa à parte, afinal já estávamos a 6 dias na estrada, e tínhamos percorrido 600 km no total. Montamos as barracas e roncamos pra caramba, apesar do incessante barulho das frenagens e roncos dos motores dos caminhões.
No dia seguinte paramos em um posto para almoçar. Enchi o bucho de comida, e como não fizemos uma boa pausa para digestão antes de reiniciarmos a jornada, passei o resto do dia "pesadão".
Deixamos a Régis e iniciamos o caminho da bela Estrada da Graciosa, que desce a serra do Mar. Ela foi construída por ordens de Dom Pedro II, e seu trafego se restringe aos veículos de passeio.
O percurso é bem sinuoso, com muitas árvores, fontes dágua e mirantes. O calçamento em determinado trecho é de paralelepípedos, sendo que a largura da estrada é de apenas dois carros bem próximos.
Depois da descida da serra pudemos avistar o maciço do Marumbi, um belo parque estadual, cujo pico culminante tem 1.530 metros de altitude.
Deixando Joinville avistamos novamente o mar. Estávamos chegando em Barra Velha, e como o céu tinha dado uma limpada, fizemos uma pausa no acostamento da rodovia mesmo, e matamos o resto da rapadura que nos acompanhou desde Jacareí. Finalmente seria o décimo, ou melhor, o último dia de nossa viagem.
Continuamos no rumo sul. Com os últimos raios de sol avistamos do lado esquerdo da rodovia a região norte da tão sonhada ilha, Florianópolis, a Ilha da Magia. Agora estávamos muito próximos, e cada um pedalava no seu ritmo, relembrando-se de todas as emoções vividas naquela pequena grande aventura.
Já estava escuro quando deixamos a BR-101, e em meio a muitos carros fomos para a ilha. Mas quem disse que o jogo já estava ganho? Quando chegamos na ponte, que possui 4 faixas de trânsito em cada sentido, nos demos conta de que seria muito perigoso atravessá-la com todos aqueles carros que passavam "voando". Fomos até a ponte antiga, a Hercílio Luz, a qual estava fechada. Nos informaram que existia uma passagem para pedestres e ciclistas por baixo da ponte anterior, mas que a esta hora (21:00 horas) seria perigoso. Voltamos pra lá e encontramos a tal passagem, que não possui nenhuma sinalização. Durante a passagem por baixo da ponte, fomos os 3 juntos à toda velocidade, para evitar sermos assaltados.
Foi um alívio quando finalmente colocamos as rodas de nossas bikes em uma das avenidas da capital catarinense. Tínhamos percorrido no total cerca de 1.045 km em 10 dias de intensas pedaladas. A sensação foi de que estávamos em São Paulo, o centro de Florianópolis é como o de muitas outras cidades grandes do país, com muita pobreza, movimento de carros e risco de assaltos.
Ficamos dois dias na ilha antes de voltarmos. Pedalamos cerca de 100 km pela região norte da ilha, que realmente é muito bonita, e merece uma visita com mais calma em outra oportunidade.
Agora, nosso próximo projeto é pedalar de "Floripa" até Montevidéu.