Sem Destino

SEM DESTINO
De São Paulo a Salvador

Havia me formado em Educação Física há um ano e desde então juntava uma grana para realizar uma grande viagem. Queria aprender mais sobre a vida, conhecer novas realidades e fazer novos amigos.   Quanto à minha carreira profissional, família e namoro, teria muito tempo para pensar depois. Tinha que viver minha juventude!  

A idéia era partir sem destino e sem tempo pré-fixados, como no clássico filme Easy Rider, onde dois motoqueiros viajam pelos desertos da Califórnia no final da década de sessenta.Como a "realidade tupiniquim" não parecia nada com o cinema, resolvi ir na minha bicicleta, apelidada de La Mula. . 

Ela era uma montain bike Specialized de 21 marchas (Shimano Altus) e carregada, realmente parecia uma mula de carga. A escolha de viajar de bike não foi por acaso. Já era adepto do cicloturismo há algum tempo e queria me sentir mais próximo da natureza, das culturas e conseqüentemente das pessoas que eu encontrasse pelo caminho.   A grana que conseguira juntar, certamente era pouca para as minhas pretenções de viajar por tempo indeterminado, mas tudo bem, quando ela acabasse eu daria um jeito de me virar.   Parti de São Paulo, atravessando a cidade com a adrenalina correndo solta nas veias e em pouco tempo já estava na Rodovia dos Bandeirantes, rumo a Campinas.   Campinas, Atibaia, São José dos Campos e ahh!!...

 

Depois de alguns dias, finalmente o litoral! De Caraguá, peguei a Rio-Santos e fui curtindo os mais lindos visuais e  recortes do nosso Litoral Norte. Escolhi as pequenas estradas e caminhos, muitas vezes de terra, para desfrutar ao máximo os visuais e a tranquilidade de pedalar, permanecendo o mais próximo da costa que pudesse.

Rumei para o Norte, passando as festividades de Natal e Ano Novo com minha família no Rio de Janeiro.  
Em janeiro, continuei a longa jornada, agora acompanhado por uma turma de mais quatro ciclistas. Passamos por Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Búzios e Campos, serpenteando as cidades litorâneas do norte do Estado do Rio, até a divisa com o Espírito Santo.

Depois de alguns dias, finalmente o litoral! De Caraguá, peguei a Rio-Santos e fui curtindo os mais lindos visuais e  recortes do nosso Litoral Norte. Escolhi as pequenas estradas e caminhos, muitas vezes de terra, para desfrutar ao máximo os visuais e a tranquilidade de pedalar, permanecendo o mais próximo da costa que pudesse.

Rumei para o Norte, passando as festividades de Natal e Ano Novo com minha família no Rio de Janeiro.  Em janeiro, continuei a longa jornada, agora acompanhado por uma turma de mais quatro ciclistas. Passamos por Saquarema, Araruama, Cabo Frio, Búzios e Campos, serpenteando as cidades litorâneas do norte do Estado do Rio, até a divisa com o Espírito Santo.

Divertia-me bastante com meus amigos e a viagem tornou-se mais comunitária e comunicativa.   Em Vitória, o odômetro (medidor de distância) acoplado na Mulamarcava mais de 1.200 quilômetros desde a minha saída de São Paulo.  

Procurávamos dormir nos mais variados lugares para não gastar dinheiro com hospedagem. Além de acamparmos com nossas barracas, igrejas, delegacias, sítios e postos de gasolina transformaram-se em ótimos refúgios para pernoitar.

Quanto à alimentação, o melhor "combustível" era a comida local, ou seja, o famoso P.F. (prato feito). Em cada lugar, experimentávamos os pratos típicos da região, descobrindo novos sabores.   Em Itaúnas, norte do Espírito Santo, o grupo se desfez e eu continuei viajando com somente um companheiro. Cruzamos a divisa com a Bahia pedalando pela areia da praia como fazíamos sempre que a maré secava. Nestas condições, a superfície torna-se tão dura como asfalto.  

Voltei a viajar só, a partir de Porto Seguro. Meu amigo voltou para casa enquanto eu segui, subindo a costa baiana. Foram muitas praias, caminhos de terra e vilarejos a cruzar na Bahia, conhecendo as pessoas simples e hospitaleiras que vivem por lá. O povo brasileiro em geral é bastante solidário.

Pude comprovar isso diversas vezes em que me ofereceram um local para pousar ou uma comida quente no final de um dia de pedaladas.   O espírito da viagem era esse mesmo, ir devagar conhecendo as pessoas e suas culturas diferentes.  

A beleza natural então, nem se fala. Eram praias de um azul claro incrível. Fazendas, montanhas, florestas e trilhas completavam o cenário do meu dia a dia.

Em Ilhéus fiquei mais tempo. Conheci uma outra turma de ciclistas e passei uma semana fazendo trilhas e passeios pela região, sempre guiado pelos amigos baianos.  

Após mais alguns dias de estradas, cheguei finalmente a Salvador, a capital do Axé, completando mais de 2.500 quilômetros em 54 dias.   Apaixonei-me por Salvador, uma cidade fantástica. Seu povo, suas praias, suas igrejas e principalmente seu Carnaval, me enfeitiçaram.   Foi onde estacionei a Mula e não saí mais, passando um mês descobrindo seus encantos. Talvez os dias mais intensos que vivi até hoje.

Uma coisa eu tenho certeza, o Brasil não é apenas um país. São vários!


A descrição de todas as experiências e emoções desta viagem estão no livro (não publicado) de Vitor Pereira.
Para ler baixe este arquivo: Ao Sabor do Vento.pdf   (200K)