Texto: Eliana Garcia Fotos: Rodrigo Telles | Especial para o Clube de Cicloturismo do Brasil | Reprodução de texto e fotos somente com autorização
No início, viajar de bicicleta foi apenas uma curiosidade para nós, para saber como seria o famoso vento no rosto enquanto se curte uma paisagem espetacular. Quem já pedalou conhece esta sensação de liberdade que a bicicleta provoca. Mas não é só isso, vai muito além. Com a bicicleta, descobrimos que poderíamos transformar qualquer viagem numa aventura, e de quebra, ter a chance de um contato muito maior com as pessoas, coisa que nenhum outro veículo proporciona. Nem mesmo se você chegar a pé, naquela casinha de um caboclo no pé da serra, vai ser tão bem recebido quanto estando de bicicleta. Pura magia.
Agora lá se vão muitos anos que nós, Eliana Garcia e Rodrigo Telles, viajamos de bicicleta religiosamente todos os anos. Já deixou de ser curiosidade e se tornou um vício, um vício bom, que nos levou a pedalar por diversas regiões do Brasil e outros países. Da vontade de contagiar outras pessoas com a idéia de viajar de bicicleta fundamos, em 2001, o Clube de Cicloturismo. Mais tarde, totalmente imersos no cicloturismo, passamos a produzir alforjes, criando a Arara Una equipamentos. Não é exagero dizer que hoje, com grande satisfação, respiramos cicloturismo.
Nosso enfoque ao planejar um roteiro de viagem é principalmente a presença de Parques Nacionais, locais para caminhadas, sítios arqueológicos ou cavernas. Nessa expedição, de junho de 2007, não foi diferente. Há tempos estávamos nos devendo uma pedalada pela praia e decidimos pelo Nordeste. Sairíamos de Fortaleza em direção ao Piauí, percorrendo a famosa costa do Sol Poente, passando pelo Parque Nacional de Jeriquaquara. Mas não resistimos à tentação de dificultar um pouquinho mais o roteiro e incluímos o sertão do Ceará e do Piauí, por uma rota nada usual, passando pelos - estes sim bem conhecidos – Parques Nacionais de Ubajara e Sete Cidades.
O planejamento começou três meses antes da viagem e constou de uma apurada pesquisa em páginas e listas de discussão na internet, revistas, e finalmente em conversas com cicloturistas do Clube de Cicloturismo que já haviam feito viagens por estas praias (pela região deste sertão ninguém que conhecemos tinha se aventurado em cicloturismo).
Para quem vai fazer uma aventura deste tipo, some-se aí nesta fase de planejamento, o tempo necessário para deixar a bicicleta e os equipamentos prontos para viajar. Em nosso caso foi bem rápido, pois já tínhamos quase tudo esquematizado de expedições anteriores (é só assobiar que a tralha toda pula do armário e já entra nos alforjes sozinha...). Faltava apenas rever alguns detalhes específicos para esta empreitada, como adaptar na bicicleta mais suportes de caramanhola para enfrentarmos o calor intenso e instalar pára-lamas e para-barro (aquela sainha de borracha que vai até rente ao chão), que protegem a corrente da ação abrasiva da areia da praia.
Bicicletas embaladas nos mala-bikes, aquele friozinho na barriga, típico de começo de viagem e voamos para Fortaleza. Após alguns dias conhecendo a capital, partimos ansiosos de Cumbuco, uma praia mais afastada da cidade. Finalmente as primeiras pedaladas. Cruzamos uma duna por uma estradinha de pedra e lá em cima demos de cara com o visual que nos aguardava para os próximos 300km: praia e mar. Um verde intenso e uma luz do dia tão clara como nunca tinha visto em minha vida brilhavam. O tão sonhado momento se concretizava, todas as tensões, medo e cansaço desapareciam no girar dos pedais. Maravilha. Sol, vento nas costas, praia de areia dura e o olhar solto no horizonte.
Como em outras viagens, tivemos como estratégia fazer uma quilometragem baixa no primeiro dia, para sentir o peso extra na bicicleta e fazer a mudança de rotina aos poucos. Assim, pedalamos 25km, enquanto a média da viagem ficou em 50km por dia. Alcançamos o povoado de Taíba, uma praia que atrai os surfistas da capital para suas belas ondas. Na varanda das casas os moradores descascavam feijão de corda verde, que é utilizado no famoso prato “Baião de Dois”. Logo me sentei para ajudar e por ali fiquei o resto da tarde, jogando conversa fora e conhecendo mais como é a vida por ali. Na hora de ir embora me presentearam com um saco de 3kg de feijão. Não pude aceitar todo esse peso, mas levei meio quilo, que foi preparado no jantar do dia seguinte, no fogareiro. Aliás, foi uma grande descoberta para nós, incorporamos a cultura local e adotamos este feijão em nosso cardápio. Cozinha muito rápido, fica pronto ao mesmo tempo que o arroz, com a facilidade de ser encontrado em qualquer lugar da região.
Foram dias que vão deixar bastante saudades, pedalando naquele cenário indescritível, e para nossa surpresa bastante deserto. Só víamos um ou outro pescador e muito poucos vilarejos ao longo de dezenas de quilômetros. Um alívio para os olhos ver a vegetação natural, sem condomínios nem praias urbanizadas. A areia por vezes era tão dura que não deixávamos nem mesmo as marcas dos pneus. E ter o vento a favor era como uma benção, a sensação era de pedalar numa longa e suave descida.
O planejamento havia valido a pena, eram muitos detalhes que poderiam facilitar ou dificultar muito a pedalada, como a maré, o vento, a chuva e os cuidados extras com as bicicletas. Mas para nossa surpresa, em alguns aspectos esta etapa pela praia foi bem mais - não diria estressante é claro – mas, bem mais apurada do que imaginávamos.
O calor, que era nosso temor, não chegou a incomodar pois o vento refrescava bastante (e não deixava nem mesmo que a água da caramanhola esquentasse!). O vento enganava, mas o sol continuava lá, e bem forte. Por causa do horário da maré, não pudemos escolher a hora da pedalada e acabamos tendo que enfrentar o sol a pino. Como proteção, usávamos roupas leves. Calça e manga comprida. Tudo bem, éramos confundidos com gringos, porém era a única forma efetiva de nos proteger. Porque sombra mesmo, só as nossas, mais nenhuma em muitos e muitos quilômetros de praia.
Somente nos vilarejos era possível conseguir água. Os rios e riachos da praia tinham sempre água salobra (meio salgada), isto nos forçou a carregar bastante água potável. Eram cerca de 5 litros para cada um (o que significa uma carga extra de 5Kg) levados em garrafas pet dentro dos alforjes. A cada parada mais longa repúnhamos a água das caramanholas.
Pedalávamos sempre controlando o horário da maré e de olho no mapa para saber quantas barras de rios ainda tínhamos pela frente. Eram somente 5 horas por dia com areia boa para pedalar, duas horas antes do pico da maré baixa e três depois. O ideal era atingir os rios no pico da maré baixa. Saber o horário exato que a maré iria subir e descer foi imprescindível para nossa segurança, pois várias travessias de rios ficam perigosas com a maré cheia.
Ao chegar à beira do rio ainda era necessário escolher o local de atravessar, nem sempre uma tarefa fácil. Não imaginava ficar perdida na praia, mas às vezes era isso que acontecia. Cruzávamos o que parecia ser o rio e mais adiante, percebíamos ter atravessado apenas um braço de mar, e tínhamos que retornar tudo de novo. Nestes trechos próximos aos rios a areia é bem mole e é inevitável atolar e ter que empurrar, com grande dificuldade. A cada rio traçávamos uma estratégia diferente, de acordo com a largura, profundidade e correnteza. Às vezes dava para atravessar pedalando devagar, quando era bem rasinho. Outras vezes tínhamos que carregar nós dois uma bicicleta de cada vez e outras ainda, quando a água era pela cintura, tirávamos toda a bagagem da bicicleta para ir carregando as coisas aos poucos. Chegamos a gastar mais de uma hora na travessia de alguns rios. Uma das vezes, achando que a água já tinha acabado fui surpreendida pedalando por um braço de mar raso, coberto de algas. Não foi nada fácil sair dali e as rodas da bicicleta ainda ganharam uma decoração avermelhada, com uns tufos de algas pendurados nos raios e no aro. Depois dessa, aprendemos que era importante, mesmo que gastando um bom tempo, investigar a pé primeiro, sem as bicicletas, para atravessar sempre pelo melhor lugar.
Quando o rio era realmente largo, como no caso da belíssima barra do Rio Mandaú, sempre havia uma balsa, canoa ou barco para atravessar (todos indiscriminadamente chamados de balsa). O problema era achar a balsa, que normalmente não fica na desembocadura do rio com o mar, e sim em um local mais manso, bem antes da barra. Logo aprendemos a identificar as sinalizações de entrada para a balsa, como uma bandeirola, uma bóia ou simplesmente pegadas de pescadores.
Porém, as travessias, sejam elas a pé ou de barco, aconteciam duas, no máximo três vezes no dia. O resto do tempo era pedalar com o vento a favor, admirando os vários tons de azul e verde no mar de um lado e a areia avermelhada de outro, sem nenhuma outra preocupação.
Ao todo foram 10 dias de praia, três deles parados em Jeriquaquara, descansando e curtindo o lugar, que gostamos bastante. Pedalamos a maior parte do percurso na areia da praia. Foi maravilhoso, lugares deslumbrantes e inesquecíveis como a lagoa de Tatajuba e a simpática cidade portuária de Camocim. Somente em alguns trechos foi necessário desviar por estradinhas de asfalto, mas que não se afastam muito do litoral.
Em Camocim - CE, despedimo-nos da praia e rumamos para a Serra de Ibiapaba, mudando radicalmente a paisagem, a vegetação, o clima e todo o ritmo da viagem. De um dia para o outro mudamos da areia para a piçarra (cascalho), do barulho do mar para o barulho das folhas de carnaúba balançando com o vento. Cada local tem uma beleza distinta, e de bicicleta é possível observar calmamente cada um desses detalhes. Agora a nova rotina era acordar cedo, bem cedo mesmo, às 4:30h da manhã, tomar um café reforçado e ajeitar a bicicleta para sair antes do sol nascer. Isso porque,mais tarde, entre as dez da manhã e as três da tarde o sol torrava nossos miolos, já não contávamos com a refrescante brisa do mar, então era impossível pedalar.
Subimos por uma estradinha incrivelmente bela. Foram 14 km ininterruptos de subida. A inclinação era “amigável” e por isso, mesmo com os alforjes, todo o trecho era pedalável. A estrada foi serpenteando ladeira acima pela mata e de repente nos ofereceu uma visão de 180º da serra. Aí sim perdemos o fôlego, uma serra verde com mata densa e árvores altas bem no sertão, para surpreender qualquer um.
No ponto mais alto da serra fica a cidade de Viçosa do Ceará. Histórica e bem preservada, é um ponto turístico famoso no estado. Aqui já começamos a utilizar os agasalhos que havíamos carregado um pouco incrédulos até o momento. Realmente esfria um pouco nesta região e chegamos a pegar 15ºC à noite.
Seguimos então para nossa próxima parada que seria o Parque Nacional de Ubajara. Não conseguimos um caminho alternativo que evitasse o asfalto e assim encaramos dois dias bastante tensos numa pista estreita, sem acostamento e com muito movimento de carros e caminhões em alta velocidade.
A atração principal do Parque, muito bem organizado e estruturado, é a Gruta de Ubajara. Um bondinho, sustentado por cabos de aço quase na vertical, dá acesso à boca da caverna. Impressiona descer cerca de 400m de desnível em cerca dois minutos. O bondinho passa próximo a imensos paredões pontiagudos de calcário e praticamente aterriza na mata. A caverna, apesar de turística e iluminada artificialmente, é bem bonita. Mas fiquei encantada mesmo foi com o lado de fora. Em uma trilha na mata nativa, o guia local apontava o uso medicinal de diversas espécies da Amazônia, da Caatinga e do Cerrado. A região é riquíssima em diversidade por se tratar de uma área de transição entre estas vegetações. A trilha chega até um mirante, de onde se avista um lindo vale com um paredão do outro lado, com várias cachoeiras de 50 a 100m de altura. A continuação da trilha, que infelizmente estava interditada devido a uma recente tromba d’água, contorna o vale, percorre todas estas cachoeiras e desce até a boca da Gruta de Ubajara.
Daqui em diante o caminho seria bem mais árduo e desconhecido, mas talvez tenha sido o de mais belos visuais de toda pedalada. Saímos de Ubajara para chegar em Piripiri no Piauí. Conseguimos realmente pouquíssimas informações. As estradas não constam em mapas rodoviários e mesmo as pessoas das cidades próximas não conheciam muito bem o trajeto, porque utilizavam sempre o caminho mais comum, pela BR, o que queríamos evitar a qualquer custo. Depois de muito perguntar a caminhoneiros, taxistas e motoristas de carros de horário (camionetes com bancos de madeira, que transportam gente e carga, já que não existem ônibus nem vans na região), descobrimos que seria possível chegar ao Piauí por estradas de terra que cruzavam a caatinga.
Mas todos os motoristas foram unânimes em dizer que seria impossível irmos de bicicleta. Estávamos auto-suficientes de comida, barraca e todo o equipamento necessário para fazermos um camping selvagem se fosse preciso, então resolvemos encarar. Foi uma escolha bem acertada. Acompanhamos de longe, e depois subimos, uma serra magnífica. Ao longe a escarpa da serra e, em primeiro plano, as palmeiras de carnaúbas espalhadas num terreno de pedras brancas, que lembrava um jardim feito por paisagistas.
No meio da travessia, no mais completo e absoluto nada, encontramos com mais um ‘’figura’’ dentre muitos da viagem. Era um senhor que pedalava sua barra circular calmamente. Fez companhia para nós, conversando durante muitos quilômetros, mas quando chegou a descida da serra, deu um tchau de repente e desembestou ladeira abaixo num downhill alucinante!
Apesar de passar por locais realmente isolados (cruzamos apenas um ou dois carros por dia), as distâncias não eram tão grandes assim, conseguimos sempre chegar em cidadezinhas que tinham até uma boa estrutura, com pousadinhas simples. Aliás, por todos os lugares que passamos, tanto no Ceará quanto no Piauí, as cidades eram em sua maioria muito limpas e agradáveis. Por isso e devido ao preço bem barato das pousadas, acabamos acampando menos nesta viagem. Para a alimentação revezávamos entre cozinhar na pousada ou comer em restaurantes, também muito simples, geralmente improvisados na sala da casa de moradores, e com comida muito boa.
Chegando à divisa com o Piauí notamos uma mudança cultural bem forte. Tivemos a impressão de que os cearenses são um pouco mais fechados. Sempre muito gentis se pedíamos informação ou água, mas um pouco desconfiados no primeiro contato. Os piauienses nos pareceram ser mais abertos, já se aproximavam sorrindo e fazendo piada: - Se eu pedalasse uma bicicleta carregada dessa aí, eu ia ter câimbra até no olho! Mais uma vez a bicicleta nos dava a oportunidade de sentir as mudanças aos poucos.
Uma cidade muito interessante, que passamos neste caminho foi Pedro II. Há uma mina de opala, uma pedra rara que serve de matéria prima para muitos lapidários da cidade. Segundo nos informaram esta é a única jazida de opala da América Latina. Outro atrativo grande são as redes, produzidas em teares de madeiras em várias associações de artesanato da cidade. São produzidos também tapetes, bolsas e outros artigos, com uma infinidade de pontos diferentes, tudo muito bonito. Visitamos uma das associações e arrisquei umas pedaladas no tear. As senhoras eram muito empolgadas em ensinar, se ficasse mais uns dias por ali era até capaz de sair alguma coisa...Bem no momento que estávamos nesta associação, tomamos o maior susto da viagem. O cartão de memória da máquina digital travou e ficamos sem saber se recuperaríamos as fotos que estavam nela. Por sorte, na volta conseguimos recuperar boa parte delas. Mas na hora o baque foi grande. Sabíamos que o mais importante, as lembranças e experiência daqueles dias vividos, ninguém iria tirar de nós, mas por mais que tentássemos esquecer, sempre alguma situação nos fazia lembrar de uma foto que poderia estar perdida.
Meio tristes, tocamos adiante e fomos até Piripiri, porta de entrada do Parque Nacional Sete Cidades. Teríamos que aguardar cinco dias até que chegassem pelo correio novos cartões de memória. Aproveitamos para ficar acampados no Parque, rodando e curtindo o lugar. O bom de ter ficado dentro do Parque foi poder ver o nascer e o por do sol, sem pressa e sem ter que seguir o horário de entrada e saídas das portarias. Também pudemos curtir a cachoeira e as piscinas naturais com mais calma. Vimos muitos animais, entre eles cotias, jacus, iguanas, e inúmeros mocós, um simpático roedor típico da caatinga, que escala rochas como ninguém. Os animais pareciam muito dóceis e conseguíamos ficar bem perto deles durante vários minutos os observando (claro que isso não aconteceu mais quando o cartão da máquina fotográfica chegou). A paisagem é algo de intrigante, as formações rochosas surgem do terreno plano, enormes e imponentes como prédios. Daí o nome de Sete Cidades, cada aglomeração destas rochas é uma cidade diferente. Formas moldadas pelo vento que desgasta a rocha arenosa, dão asas à imaginação humana e são batizadas como Mapa do Brasil, Dedo de Deus, Arco do Triunfo, Cabeça de Dom Pedro, Beijo dos Lagartos, Três Reis Magos e por aí vai.
O guia que nos acompanhou por dois dias adorava bicicleta, já havia competido triathlon e gostava muito do que fazia. Fizemos uma boa amizade e sempre que pintava uma folga ele se juntava a nós em outras pedaladas. Não sei não, mas acho que pelo jeito nós o contaminamos com o vírus do cicloturismo.
Com um misto de alegria e tristeza, nossa jornada de bicicleta terminava por ali. Fomos de ônibus até Teresina, de onde despachamos as bicicletas para São Paulo, pois ainda continuaríamos a viagem, a pé e de barco, pelo Delta do Parnaíba e Lençóis Maranhenses. Mas esta é uma história para outro capítulo...
Alguns números da viagem
duração: 3 semanas
época: junho
distância: 900km (300km na praia e 600km no sertão)
peso da bagagem: cerca de 25 a 30kg cada um
média dos dias pedalados: 50km/dia
pneus furados: 1
Alimentação
Fazemos como a maioria dos cicloturistas, três refeições principais, sendo um café da manhã bem reforçado, um lanche na hora do almoço e um jantar preparado à noite. Além disso, entre as refeições comemos algumas coisas para repor as energias e os sais minerais. Costumamos utilizar para isto, castanhas, frutas secas, e biscoitos integrais ou docinhos de banana ou de leite. Aproveitamos os mercados das cidades para comprar produtos locais que duravam bastante e foram excelentes, como por exemplo castanha, doce de caju e rapadura de caju.
Bicicletas
Duas mountain bike, de 24 marchas, equipadas com espelho retrovisor, pezinho (descanso), bar-end, bagageiro e alforjes traseiros, top bag (bolsa que vai em cima do bagageiro), bolsa de guidão. Para uma das bicicleta também bagageiro e alforjes dianteiros
Bagagem
Equipamento para camping: barraca, isolante, saco de dormir, fogareiro, panelas
Para Bicicleta: kit de ferramentas, câmara de ar, bomba, raios sobressalentes
Pessoal: capa de chuva, capacete, papete e um tênis de caminhada
Outros: kit de primeiros socorros, hipoclorito (para esterilizar água), rede de nylon
Dicas
Transporte da bicicleta
Consulte a empresa aérea antes de comprar as passagens, para saber sobre o embarque das bicicletas. Algumas companhias chegam a cobrar absurdos R$100,00 por vôo e outras não cobram nada. Proteja os câmbios, manetes e freios com plástico bolha e coloque a bicicleta em mala-bike. Não se esqueça de murchar os pneus.
Época do ano
O ideal é o mês de junho, logo após o final do período de chuvas (janeiro a maio), para escapar das chuvas e não pegar o calor não é tão intenso como nos meses de agosto até dezembro.
Vento
No Ceará o vento é muito forte e constante, não dá trégua, por isso é bom tê-lo como aliado e não como inimigo. São os ventos alísios, que nesta parte do país sopram sempre de leste para oeste. Há casos de ciclistas que tentaram fazer o percurso no sentido contrário e acabaram desistindo
Maré
É bom não teimar contra a maré, quando ela sobe, você pode levar uma hora para empurrar dois ou três quilômetros na areia fofa.
Não conte com a informação dos pescadores para saber os horários da maré, afinal, um horário exato para eles não faz tanta diferença, consulte o site:
www.mar.mil.br/dhn/chm/tabuas/index.htm
Mosquitos
acabamos usando a barraca sem o sobreteto várias vezes dentro do quarto para não sermos devorados pelos pernilongos. Estes safados tem uma estratégia de ataque diferente do que conhecíamos. No final da tarde não aparece nenhum e às três da madrugada, quando você menos espera, eles vêm num ataque surpresa e em massa.
Manutenção da bicicleta
Pedalar na praia requer uma atenção especial com a bicicleta. Durante a viagem cultivamos uma rotina diária que garantiu que as bicicletas chegassem inteiras até o final. O mais importante é uma lavagem geral com água doce para tirar toda areia e o sal, apenas deixando a água escorrer sem jatear. Depois de seca, passávamos desingripante (tipo WD40) na corrente. Apesar de usualmente não utilizarmos este tipo de produto, nestas condições achamos que foi eficaz para evitar oxidação. Por fim, no dia seguinte, antes de sairmos, lubrificávamos novamente a corrente com um óleo específico para bicicletas.
Parque Nacional 7 Cidades
O Parque é muito bem cuidado e tem uma boa estrutura para quem quer conhecê-lo pedalando. Há inclusive bicicletas para alugar e guias para acompanhar também em bicicleta. São bicicletas simples, sem marchas, mas não é necessário mais do que isso, uma vez que o percurso não é longo, apenas 12km, e totalmente plano. Em todo o caminho há placas indicando a presença de ciclistas, e bicicletários em todas as paradas. Fique acampado ou hospedado no hotel dentro do Parque, para aproveitar melhor o local.