Escoma
Expulsos do alojamento - (30 de julho)
Para chegar em Escoma pegamos um vento contra absurdo. É um vento com hora certa para começar. Por volta da uma da tarde ele vem sem aviso com toda a força. Aliás, há um aviso, sim. Pequenos redemoinhos de vento e poeira começam a se formar. A maioria é pequena, deve ter uns 10m. Mas alguns chegam a altura de um edifício. Parecem uns furacões mesmo.
Nessa hora o ar ainda está parado. Aí... De repente, umas rajadas vêm como se fossem umas tábuas de compensado dando tapas na cara. Estava próximo de 60km/h e com rajadas muito mais fortes. É difícil se equilibrar. Estávamos pedalando no plano, na marcha mais leve da bicicleta.
Quando você consegue se equilibrar, a bicicleta fica um pouco inclinada para compensar a força do vento. Aí duas coisas podem acontecer: O vento pára e você cai para um lado, ou o vento aumenta e você cai para o outro.
Na cidade, fomos procurar o único alojamento. A chola que nos atendeu não falava muito bem o espanhol, mas entendemos que só poderíamos entrar às 19:00h. Ok, ficamos esperando mais duas horas no vento gelado. Mas nada que uma noite bem dormida não recupere. O estranho é que lá não tinha banheiro. Nada fazia sentido. Mas tudo bem, só queríamos uma boa noite de sono. Fizemos xixi no pátio e fomos dormir.
Antes das 7:00 da manhã nos acordaram dizendo que tínhamos que sair. Diante dos nossos protestos eles ficaram nervosos (a chola e o marido) e começaram a falar sem parar como umas matracas. Cada vez entendíamos menos o que estava acontecendo, com certeza algum choque de culturas. Quando finalmente já estávamos saindo, chegou a chola velha dona do alojamento. Ela gritava mais que os outros e como falava melhor espanhol conseguimos entender coisas como:
"Querem fazer como em seu país e ficar dormindo! Aqui se acorda cedo!"
"É por isso que eu não vou mais alojar essa classe de gente" (se referindo aos estrangeiros).
Dava aquela impressão de que não passava de um sonho esquisito. Daqui a pouco vamos acordar e tudo vai estar normal.
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Expedição Titicaca |
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