Projeto Pantanal vai à Praia: Maceió (AL) a Recife (PE)

 De Maceió pedalamos para Barra de Santo Antônio, uma cidadezinha aparentemente pacata, porém mais agitada do que aparentava ser: em menos de duas horas, presenciamos dois "poeirões arretados": duas brigas de casais que nos assustaram um pouco, mas que acabaram em "pizza". Aliás, acabaram em "Passaporte", nome dado regionalmente a uma espécie de cachorro-quente recheado com carne moída, cominho, milho verde, ervilha... realmente uma refeição que nos sustentou até o dia seguinte!

 

Ao longo de suas vidas, as pessoas adquirem as mais diversas vocações. Neste trecho da viagem, conhecemos duas que têm o dom de tratar bem as pessoas - e os animais.  Estávamos sentados na beira da rodovia PE-060, no trevo para Tamandaré, decidindo se íamos ou não visitar a cidade e suas praias. Foi quando apareceu a Cristiana, uma bióloga que morava lá e fazia pesquisa com corais. Cinco minutos de papo, e já nos convidou a ficar em sua casa, "pelo tempo que quiserem". Tivemos que aceitar o convite, claro... Ficamos alojados lá e conhecemos a Iara, sua amiga também bióloga e pesquisadora de corais.

Nem precisa dizer o quanto fomos bem recebidos e acomodados por elas, seus 6 cachorros e 8 gatos, durante uma semana da nossa viagem: primeiro em Tamandaré (a praia dos Carneiros é um show!), depois Porto de Galinhas (Maracaípe) e finalmente Boa Viagem (Recife).

Por coincidência, estávamos todos juntos no Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho), expondo e falando sobre o Pantanal no Porto de Galinhas. Outro fato que nos chamou a atenção foi o nosso guia local, o Felipe, um descolado garoto de nove anos que, ao invés de nos pedir um trocado (como infelizmente a maioria dos garotos fizeram em vários lugares por onde passamos), se preocupou em nos mostrar a cidade sem pedir nada, e acabou ganhando de nós um super "Passaporte".

A pedalada pela praia entre Barra de Santo Antonio e Barra do Camaragibe (17 km) foi um dos dias mais legais de toda a viagem. Revelaram-se paisagens indescritíveis, compostas por falésias, recifes, piscinas naturais, currais de pesca e mar das mais belas tonalidades. Só não ficamos mais tempo apreciando e fotografando esta maravilha devido à preocupação de quem pedala à beira-mar, de ficar atento para não ser pego de surpresa pelas marés, principalmente num lugar com falésias onde não se tem como escapar (as bikes ainda não fizeram curso de alpinismo!).

Na parada em Camaragibe, fomos surpreendidos pelo carro de som de um político local que insistia em desarmonizar o ambiente com seus decibéis. Fugimos rapidinho para uma comunidade de pescadores, onde o clima era mais tranqüilo e o Guto fez amizade com toda a gurizada local, sendo convidado para um joguinho de futebol de areia na sombra dos coqueirais. Enquanto rolava o jogo, Daniel e Tietta foram batalhar uma água de côco e ganharam nada menos que doze unidades, apanhados na hora por um morador da vila!

Depois de bem hidratados, seguimos atravessando vilarejos "plantados" entre os coqueirais, onde o stress urbano é "tão grande" que as pessoas têm o hábito de levar os colchões para a calçada e ficarem lá deitados, apreciando a vida passar lentamente... Mas como nem tudo é perfeito, ficamos (mal) impressionados com a grande quantidade de pássaros silvestres presos em gaiolas - uma clara demonstração da necessidade de se fazer trabalhos de conscientização nestas comunidades, e do descaso dos órgãos encarregados de fiscalizar este crime ambiental ainda tão praticado em todo o Brasil.

O dia terminou em Maragogi, onde rolou nossa primeira noite de camping à beira-mar, com lua cheia e - no dia seguinte - um mergulho nas cristalinas piscinas naturais desta praia, onde pudemos observar grande diversidade de peixes e até golfinhos (!!!) Em Recife, completamos dois meses de viagem. O que mais nos chamou atenção na cidade foram as placas de "proibida a prática do surf" ao longo da praia de Boa Viagem (aquela da música do Alceu Valença), devido à grande ocorrência de ataques de tubarão aos surfistas nos últimos anos (interferência humana???).

Chega a ser engraçado ver a praia lotada num dia de sol, a água verdinha, mas ninguém dentro do mar... No Pantanal a gente até nadava nas baías cheias de jacarés e piranhas, mas será que aqui vamos ter coragem de "pegar um jacaré" no mar?...


 

Projeto Pantanal vai à Praia: Vitória(ES) a Itaúnas(ES)
Projeto Pantanal vai à Praia: Itaúnas (ES) a Arraial d'Ajuda (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Arraial d'Ajuda (BA) até Ilheús (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Ilheús (BA) a Praia do Forte (BA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Praia do Forte (BA) a Maceió (AL)
Projeto Pantanal vai à Praia: Maceió (AL) a Recife (PE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Recife (PE) a Natal (RN)
Projeto Pantanal vai à Praia: Natal (RN) a Canoa Quebrada (CE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Canoa Quebrada (CE) a Fortaleza (CE)
Projeto Pantanal vai à Praia: Fortaleza(CE) a Ilha do Cajú(MA)
Projeto Pantanal vai à Praia: Ilha do Cajú(MA) a São Luís (MA)