| Por: Fábio Almeida - Clube de Cicloturismo do Brasil |
Em 2016 o roteiro de cicloturismo Vale Europeu, em Santa Catarina, completa 10 anos. Neste período milhares de ciclistas já percorreram o trajeto e mais de uma dezena de outros roteiros foram criados pelo país a fora. Passada a fase dos circuitos, muitos ciclistas vêm experimentando trajetos próprios, pelo Brasil e América do Sul. Mesmo assim, quem precisar de um bagageiro dianteiro, para carregar mais bagagem em sua bicicleta, terá que recorrer a sites internacionais que entreguem no Brasil ou a pequenos importadores independentes.
E a lista de equipamentos ausentes no mercado local não para por aí. Há dificuldade de se encontrar cubo dínamo, guidão borboleta, selim para longas pedaladas, pneus específicos, quadro de cromoly, paralamas e outros tantos itens. Mesmo itens encontrados com menos dificuldade, como alforges e bagageiros traseiros, vêm acompanhados de outra carência: a de informação qualificada.
Há uma tendência em transferir os conceitos de cicloturismo europeu e americano diretamente para o Brasil. É preciso, no entanto, perceber as diferenças de perfil dos cicloturistas, dos tipos de estradas e caminhos usados por aqui. Esta deficiência dificulta o atendimento das necessidades do cicloturista, induzindo-o, muitas vezes, a adquirir equipamentos inadequados, que não atendem as características específicas do cicloturismo no Brasil. Esta não adequação serve como um desestímulo a prática do cicloturismo, além de fragilizar a relação entre os ciclistas e o mercado nacional.
E trata-se de um público com poder de compra, que acaba direcionando seus pedidos ao exterior. Pesquisa realizada pelo site Pedal Nativo, focado em cicloturismo, mostra um público leitor com idade superior a 35 anos (77%), com pós-graduação (43%) ou graduação (38%). O levantamento também mostra que o maior grupo (30%) é de ciclistas que desejam realizar a sua primeira viagem e, portanto, farão grandes investimentos em equipamentos.
Neste contexto, o Clube de Cicloturismo do Brasil pode atuar na capacitação de todo setor. Composta por cicloviajantes, a associação tem conhecimento acumulado por experiências próprias e intercâmbio com ciclistas de diversas regiões do país e do exterior. Esta aprendizagem se torna ainda mais rica com a parceira da Aliança Bike, iniciativa que expõe uma face profissional e interessada de nosso mercado.
No próximo artigo, vamos traçar um panorama das possibilidades de crescimento do mercado de cicloturismo no Brasil. Acompanhe!
Publicado originalmente em parceria do Clube com a Aliança Bike em 22/08/2016:
http://aliancabike.org.br/noticia.php?id_news=124